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Dor para amamentar é normal?

Por muito tempo achava-se que era normal ter dor para amamentar. Também falaram que era normal fissurar o mamilo, o bebê ter cólica, ficar o tempo todo grudado no peito, ou regurgitar horrores. Por muito tempo acreditou-se que isso era aceitável pois não tínhamos as informações que temos hoje. Mas quem é mãe sabe que é desesperador ver seu bebê chorar desesperado e achar que é assim mesmo e que depois dos 3 meses passa.

ilustração de uma mãe amamentando seu bebê

Mastites, baixa produção, engasgos, fissuras e dor para amamentar podem ter um fator em comum: uma linguinha presa. Vamos te explicar porque a língua é tão importante e como ela está relacionada com estas queixas tão comuns do recém nascido.


Nossa língua se forma na 9º semana de gestação, lá na região do "pescoço". O freio lingual serve para trazer esta língua para a boca e logo que ele desempenha seu papel ele deve desaparecer. Com 11 semanas, o bebezinho já começa a sugar e deglutir de uma forma bem primitiva. Para fazer estes movimentos corretamente, a língua deve estar totalmente livre, sem travas.


Caso tenha um resquício de freio ali, ele pode fazer como se fosse um peso, alterando a forma com que a criança faz os movimentos. Gosto sempre de explicar aos pais que é como se fosse uma pessoa que nasceu com os braços grudados. Ela vai poder desempenhar todas as funções, trabalhar, comer, pegar objetos, porém, vai precisar se esforçar muito mais e usar muito mais musculatura para fazer algo que deveria ser simples. Da mesma forma funciona com a língua. Se uma parte dela está presa, existe todo um movimento compensatório para poder fazer as mesmas funções.


Cada tipo de freio vai trazer uma alteração específica. Em alguns casos, o bebê fica muito tensionado, morde o mamilo e não consegue abrir bem a boca. Normalmente as queixas da mãe são dor, fissuras, baixo ganho de peso, mastite (pois o leite fabricado não é extraído pelo bebê), e um bebê que só acalma na mama. Não é raro vermos a família optar por mamadeira e chupeta, pois é realmente muito desafiador lidar com um bebê que só acalma se estiver no peito.


Em outros casos, o bebê faz um movimento que hiperestimula a produção de leite materno e aí vem um outro problema: o bebê ganha peso super bem, porém regurgita, tem bastante gases, quer mamar com frequência e pode apresentar refluxo. Além disso, normalmente esses bebês engasgam bastante, dormem com a boquinha aberta, a linguinha está sempre branca com restinho de leite em cima.


Para a maioria dos profissionais, está tudo bem, já que o bebê está ganhando peso. Porém as consequências destas alterações, trazem prejuízos para o resto da vida.


A língua presa não afeta somente a fala como a maioria das pessoas pensa.

Nossa língua deve ficar inteira colada no céu da boca enquanto estamos em repouso, ou seja, quando não estamos falando ou dormindo. Nesta posição, ela fica ativa (contraída) e mantendo uma força para fora, o que mantém os dentes em posição e a nossa respiração pelo nariz. Caso a língua fique baixa, ou somente com a pontinha encostando no céu da boca, teremos problemas com o seu tônus, ou seja, provavelmente teremos atraso na fala ou troca de letras e podemos ter também problemas na alimentação como cuspir alimentos, não engolir, só aceitar determinadas texturas. Isso em uma criança traz prejuízos terríveis.


No período de desenvolvimento facial, não terão os estímulos necessários para o crescimento da maxila e mandíbula. Logo, os problemas de mastigação, mordida e espaço podem surgir. Com a língua baixa, pode ser desenvolvida a respiração bucal. Respirar pela boca faz a musculatura facial ficar flácida, o ar entrar sem ser filtrado, aquecido e umidificado, o que propicia infecções respiratórias.


Não é raro encontrarmos adultos que têm dificuldade em engolir comprimidos, tem bruxismo, roncam, tem muita dor nos ombros, falam enrolado e mastigam rapidamente. Todos esses sinais podem vir de uma língua presa não tratada.

Para evitar todos estes problemas, é necessário uma equipe que tenha conhecimento e experiência no tratamento e reabilitação.


É só um pic que resolve a língua presa?

Quando o teste da linguinha na maternidade vem alterado logo ouvimos de alguém:

"Fica tranquila! É só um pic e já resolve!"

Mas a história não é bem assim...


O pic que tanto falam é um cortezinho feito com tesoura ou bisturi no freio da língua, normalmente sem anestesia. Além de não ser nada humanizado expor um bebê a uma cirurgia sem anestesia, o pic não resolve o problema da língua presa.


Não resolve? Como assim?

O pic remove apenas a parte anterior do freio, soltando a parte anterior da língua. A parte posterior, na região do corpo da língua, continua presa. Com a parte posterior presa, normalmente temos problemas na amamentação, ganho de peso, regurgitação, engasgo, cólica... Porém, a família acha que este problema está resolvido, já que o pic já foi feito!


bebê com a língua pra fora

Além disso, normalmente não é realizada a reabilitação da linguinha, ou seja, o bebê aprende sozinho a movimentar aquela língua que agora está solta, o que pode causar uma cicatrização ruim.


Então, a nossa dica para as mamães que estão para ganhar o bebê é: não façam o pic no seu bebê! Se tiverem problemas com a amamentação, procure uma equipe especializada, que esteja acostumada a atender estes casos e saiba lidar com todos os detalhes tão importantes deste período!


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